Dados estruturados podem direcionar mercado de capitais para a transição climática
Belém, 18 de novembro de 2025 – Informações transparentes e confiáveis são necessárias para o mercado de capitais avançar na transição climática, segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
“Trabalhar dados de forma estruturada é essencial para o direcionamento adequado dos recursos financeiros, pois permitem avaliar riscos potenciais que podem comprometer ou inviabilizar teses de investimento”, afirmou Luiz Pires, gerente de Sustentabilidade e Inovação da entidade, em painel na Casa do Seguro, na programação paralela da COP30, nesta terça-feira, 18.
Ele citou como exemplo o Radar de Eventos Climáticos e Seguros no Brasil, recente publicação da CNseg (Confederação Nacional das Seguradoras), que consolida dados históricos de catástrofes no Brasil.
Já Paulo Artaxo, cientista e membro do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), que compôs o painel, destacou a Adapta Brasil. Trata-se de uma plataforma para planejamento da transição, criada pelo MCTI (Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação), que disponibiliza cálculos de riscos de inundações, deslizamentos de terra e índice de vulnerabilidade urbana e exposição ariscos.
Segundo Pires, avançar na transição não é uma questão de falta de capital.
“O mercado de capitais brasileiro está na ordem de US$ 2 trilhões de dólares. Temos recursos para financiar a transição e um ecossistema de produtos de investimento para que isso aconteça. O que precisamos é usar as plataformas e informações disponíveis para precificar os riscos climáticos, criando caminhos para que esse recurso chegue aos projetos sustentáveis”, analisou.
O executivo acredita que, em 2026 e 2027, “teremos uma alavancagem de investimentos sustentáveis, com novos produtos que vão contribuir para acelerar a transição e movimentar um volume cada vez maior em investimentos ESG”.
Desafios
A mesma expansão rumo à sustentabilidade é necessária no setor de seguros, segundo Vinicius Brandi, subsecretário de Reformas Microeconômicas e Regulação Financeira do Ministério da Fazenda.
“O setor de seguros privados está na ordem de RS 1,8 trilhão, cerca de 15% a 20% do PIB. É um volume bastante relevante, mas que é muito maior em países mais desenvolvidos. Ainda temos um grande caminho a percorrer”, disse.
Ele explicou que, se o setor de seguros adotar práticas que não são compatíveis com as mudanças climáticas, o risco também aumentará. “As estatísticas pioram e mostram que teremos eventos climáticos extremos com mais frequência”.
Ampliar esse financiamento é cada vez mais urgente. “Com o aumento do número de eventos climáticos extremos, os custos com catástrofes estão crescendo muito significativamente. Para países de rendas média e baixa, isso será um problema muito importante”, afirmou Artaxo.
O especialista sublinha a complexidade dessa agenda.
“O Brasil, por sua localização tropical, é um dos países mais afetados pelas mudanças climáticas. Adaptar Belém do Pará e adaptar São Paulo são duas tarefas radicalmente diferentes. Cada cidade terá que determinar a sua estratégia particular de adaptação”, avaliou o cientista.
Capacitação e colaboração
Além de informações estruturadas, o caminho para a transição passa, necessariamente, pelo letramento dos profissionais do setor financeiro.
“É preciso construir essa agenda de forma conjunta e estruturada. Esse foi um exercício que a gente fez este ano, com a Jornada rumo à COP30, na qual a Anbima, CNseg e Febraban (Federação Brasileira dos Bancos) promoveram uma série de encontros e discussões de preparação do mercado sobre financiamento climático”, contou Pires.
Brandi concordou que a atuação colaborativa é essencial para agenda. “Tem a endogeneidade da questão climática”, disse.
Essa lógica de iniciativas conectadas se aplica em várias escalas.
“Da mesma forma, não adianta o setor de seguros sozinho ter uma postura de sustentabilidade e os outros setores da economia caminharem para o lado oposto. É por isso que estamos na COP: é uma agenda que precisa da coordenação e colaboração de todos”, afirmou.
Monica Zuleta, diretora corporativa de sustentabilidade da Mapfre, que moderou o painel, encerrou o bate-papo trazendo um chamado para a ação. “Estamos sempre falando em um futuro melhor, um amanhã melhor. Mas o futuro é aqui e agora. Cada um de nós tem que atuar, da sua própria posição e capacidade de influência “, afirmou.
Conteúdo: Anbima
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