Fim da isenção do IR em cripto desafia investidores

Finanças

Fim da isenção do IR em cripto desafia pequenos investidores

Pedro Xavier, CEO da fintech especializada em blockchain, Mannah, aponta que classes mais vulneráveis, que viam o cripto como alternativa, serão diretamente atingidas.

A medida provisória que aprovou a retirada da isenção no Imposto de Renda para lucros até R$35 mil com criptomoedas marca uma virada importante na relação entre o Estado e esse mercado.

Até pouco tempo atrás, pequenos investidores tinham uma margem, agora, tudo será observado pela Receita Federal, o que muda radicalmente a dinâmica de quem vê nas criptomoedas uma porta de entrada para o mundo dos investimentos.

Por mais que a tentativa seja equiparar cripto a outros ativos financeiros e ampliar a arrecadação, o que vemos é uma medida que atinge diretamente o investidor pessoa física, que já enfrenta volatilidade alta, falta de clareza regulatória e pouca educação tributária.

Para o CEO da Mannah, especializada em blockchain, Pedro Xavier, o resultado pode ser um desestímulo à participação de novos entrantes, que são justamente a base de crescimento desse mercado.  

“Os pequenos investidores, aquelas pessoas que veem no universo cripto uma forma de fugir do mercado financeiro tradicional e fazer investimentos pontuais vai ser atingido diretamente. É uma medida que afasta aqueles que deveriam iniciar a realizar investimentos por possuírem menor renda. A liberdade que as moedas digitais trazem será dizimada com essa medida”, explica Xavier.

Outro efeito colateral é a provável migração para exchanges estrangeiras ou operações P2P, fora do radar da Receita. Ao reduzir a atratividade da negociação formalizada, a medida pode aumentar a informalidade e a exposição a golpes, justamente o oposto do que o regulador pretende.

Além disso, ela coloca as corretoras brasileiras em desvantagem, já que passam a competir com plataformas internacionais que não têm o mesmo peso regulatório.
 

Do ponto de vista macro, a retirada da isenção reforça a visão de que o Estado vê o cripto menos como tecnologia transformadora e mais como fonte de receita tributária, criando um contraste com países que usam a regulação como ferramenta de incentivo à inovação e variação de investimentos.  

“O Brasil, que poderia liderar em áreas como tokenização de commodities ou integração com o sistema financeiro digital, corre o risco de ser apenas um consumidor tardio dessas soluções. O que deveria ser um setor de grandes avanços pode travar por má leitura do governo. É preciso debater a fundo a regulamentação do setor e todas as consequências que essas decisões podem ter”, diz o CEO.

É impossível prever se a arrecadação obtida com o fim da isenção compensa o custo de travar a inclusão financeira e a inovação. Mas, no curto prazo, o investidor médio terá de aprender a lidar com softwares de apuração de IR e cálculos complexos de ganho de capital. No longo prazo, o risco é que essa medida empurre talentos, empresas e capital para fora do país.

“O que está em jogo não é apenas uma mudança tributária, é a forma com que o Brasil irá se posicionar diante de uma revolução tecnológica. Retirar a isenção significa para milhões de pequenos investidores perder a oportunidade de escolher entre se adaptar a uma burocracia pesada ou simplesmente buscar alternativas mais simples e atrativas no mercado, com maior liquidez e agilidade”, conclui Xavier.

Conteúdo: Mannah

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