COP30: Agronegócio deve se aliar ao mercado de capitais para fazer transição sustentável
Na COP30, Anbima destacou atuação conjunta com CNseg e Febraban para letramento do setor financeiro
Belém, novembro de 2025 – A transição do agronegócio brasileiro para práticas sustentáveis exige tempo, escala e recursos financeiros estruturados — e o mercado de capitais deve se consolidar como um dos principais motores dessa virada. “Os recursos do mercado de capitais têm um pouco mais de ‘paciência’, permitindo que os investimentos no agro sejam feitos com prazos maiores e viabilizando transformações mais duradouras”, afirmou Luiz Pires, gerente de Sustentabilidade e Inovação da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), durante a COP30.
O executivo esteve ao lado de representantes do Febraban (Federação Brasileira dos Bancos), CNseg (Confederação Nacional das Seguradoras), CEBDS (Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável), Amaggi e Citrosuco em painel promovido na Casa do Seguro, neste sábado, 15.
Para Pires, o avanço dos Fiagros (Fundos de Investimento em Cadeias Agroindustriais) e a padronização dos títulos sustentáveis são exemplos que mostram como a credibilidade do mercado se fortaleceu nos últimos anos, permitindo que os recursos cheguem com mais velocidade e segurança à ponta.
A fala da Anbima reflete uma preocupação compartilhada pelos especialistas: a urgência de ampliar o acesso a crédito estruturado para que o agronegócio brasileiro possa avançar na agenda de descarbonização. Alessandra Fajardo, diretora executiva técnica do CEBDS, destaca que o setor enfrenta um gap de financiamento entre US$ 120 bi e U$S 170 bi. “Uma das alavancas é aumentar o capital catalítico e garantir mais acesso a ele. Há muitos mecanismos financeiros para o agro, agora precisamos escalar essas ferramentas e alcançar vários tipos de produtores”, afirma.
Conhecimento e transparência sobre riscos
Cintia Cespedes, gerente de Sustentabilidade da Febraban, reforça que o problema não é o risco ser alto, é ser desconhecido. “Precisamos trabalhar juntos para identificar e transformar esses riscos do agronegócio em informação que gere decisão”, afirma.
Ela destaca que a confederação está criando bases de dados para avaliar as emissões da carteira do agronegócio e antecipar análises que vão além do crédito rural tradicional. “A conta precisa fechar. Sem viabilidade financeira, não há transição sustentável. Por isso, precisamos alinhar incentivos, reduzir barreiras e garantir que os mecanismos de financiamento sejam atrativos para todos os envolvidos.”
A proteção contra riscos climáticos também foi apontada como essencial por Pedro Werneck, gerente de sustentabilidade da CNseg. “Para promover a agricultura regenerativa e a descarbonização do agronegócio, é fundamental ter proteção para que os produtores possam se recuperar quando lidarem com questões climáticas extremas”, disse.
Segundo ele, o setor de seguros pode induzir práticas sustentáveis. “As seguradoras podem impulsionar a transição privilegiando práticas sustentáveis que reduzem os riscos, e refletir isso na precificação dos seguros. Fazer isso é essencial para potencializar a descarbonização do agronegócio”, contou.
Aprendizado sobre sustentabilidade
A agricultura regenerativa surge como uma das principais estratégias para reduzir as emissões do setor, que hoje somam 480 milhões de toneladas de CO₂ e podem chegar a 800 milhões até 2050. Juliana de Lavor Lopes, diretora de ESG da Amaggi, reforça: “Não podemos exigir mudanças grandes e repentinas dos pequenos produtores; precisamos apoiá-los nesse processo até 2050. O pequeno produtor precisará de tempo para dominar todo o conhecimento técnico necessário para a agricultura regenerativa, coisa que nós mesmos ainda estamos aprendendo. Vamos ter que investir nisso. Ou chegamos todos juntos, assumindo riscos desconhecidos, ou vai ser muito difícil alcançar o net zero a 2050.”
Leon Cruz, especialista ESG da Citrosuco, aponta que o setor ainda está em fase de aprendizado. “Estamos no início dessa jornada e queremos ganhar mais resiliência e robustez. A agricultura regenerativa será o principal ponto de resiliência climática”, afirma. Ele destaca a necessidade de letramento dos investidores sobre a realidade e as peculiaridades do agro brasileiro, que ainda é pouco compreendido.
Pires concorda. “Quanto mais o mercado conhece uma atividade e os riscos inerentes a ela, mais clara é a precificação e a utilização dos recursos. Trazer a conversa sobre carbono e biodiversidade para dentro dos planos de negócios é essencial para conseguirmos financiar esse setor de forma mais estruturada”, analisou.
Conteúdo: Anbima
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