Como a nova lei do IR impacta o planejamento patrimonial?

Tributação

Como a nova lei do IR impacta o planejamento patrimonial

Tributação progressiva sobre dividendos e alta renda exige revisão de estruturas financeiras.

Outubro de 2025 – A aprovação, pela Câmara dos Deputados, do Projeto de Lei nº 1.087/2025 marca um ponto de inflexão para famílias e empresários que buscam proteger e organizar seu patrimônio.

O texto amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF), mas cria também um sistema de tributação progressiva sobre dividendos e altas rendas, com início previsto para janeiro de 2026.

Se, por um lado, a mudança traz alívio fiscal para quem ganha até R$ 5 mil mensais, por outro, pode impactar diretamente executivos, empresários e famílias com maior volume de ativos, alterando a forma como os recursos devem ser estruturados e distribuídos.  

O que muda com a nova lei do IR

Faixa de isenção: rendimentos de até R$ 5.000/mês estarão livres de IR; até R$ 7.350,00, desconto parcial.

Altas rendas: contribuintes com ganhos acima de R$ 50 mil/mês ou R$ 600 mil/ano passam a ter tributação progressiva, que pode chegar a 10% para quem ultrapassa R$ 1,2 milhão/ano.

Dividendos: rendimentos superiores a R$ 50 mil/mês serão tributados em 10% na fonte, com possibilidade de compensação na declaração anual. Dividendos deliberados até 31/12/2025 permanecem isentos, mesmo se pagos até 2028. 

A mudança exige atenção redobrada. “Famílias que não têm um plano estruturado podem ser surpreendidas por um aumento significativo da carga tributária. O resultado pode ser perda de rentabilidade e até comprometimento do patrimônio ao longo do tempo”, afirma Mariana Gonzalez, planejadora financeira CFP® da Monte Bravo.  

Segundo ela, a aprovação do PL cria um novo cenário para holdings familiares, distribuição de lucros e gestão de investimentos.

 “Antecipar deliberação de dividendos, revisar estratégias de diversificação e avaliar veículos de proteção patrimonial são medidas urgentes. Quem deixar para agir em 2026 pode enfrentar custos maiores e menos flexibilidade”, comenta.  

O ponto de alerta está em quem ainda não se preparou. Sem planejamento sucessório e patrimonial, a tributação sobre dividendos e altas rendas pode impactar margens de negócios familiares e enfraquecer o processo de sucessão.

“Planejar agora não é só uma questão tributária, mas de continuidade. Famílias que não se anteciparem correm o risco de comprometer a preservação do legado entre gerações”, reforça Mariana. 

Próximos passos

O projeto segue para análise do Senado e, caso aprovado, deverá ser sancionado até o fim do ano. As novas regras entram em vigor em janeiro de 2026, com reflexo direto na declaração do IR a ser entregue em 2027.

A especialista orienta que empresários e famílias revisem imediatamente suas estruturas patrimoniais e estratégias de distribuição de lucros.

“Nesse novo cenário, quem se preparar terá mais eficiência tributária; quem não se planejar poderá ver o patrimônio se diluir mais rápido do que imagina”, reforça.

Conteúdo: Monte Bravo

Leia mais:

Brasil em 2026 – Inflação, juros e crescimento – André Braz

IPCA de setembro reforça cenário benigno para inflação

GICP11 – Genial anuncia ETF de crédito privado

ETFs da Nu Asset investem em renda fixa nos EUA

BlackRock e B3 expandem listagem de ETFs globais