Análise política
Decisão sobre herdeiro de Bolsonaro não acontecerá agora | Por Erich Decat, head do time de Análise Política da Warren Investimentos.
A prisão antecipada do ex-presidente Jair Bolsonaro abriu um novo ciclo de especulação no mundo político e no mercado financeiro: quando e quem receberá seu legado eleitoral?
A corrida sucessória da direita ganhou narrativas, apostas e pressões, mas uma definição não ocorrerá agora, e não apenas por conveniência estratégica, mas por dois centrais: saúde e cálculo eleitoral.
Do ponto de vista psicológico, o atual estado de Bolsonaro coloca sob dúvida qualquer decisão tomada neste momento. O episódio em que tentou retirar a tornozeleira eletrônica, sob relatos de alucinações, reforça a percepção de que não haveria condições plenas para uma decisão dessa magnitude.
Vale lembrar que, mesmo em plena lucidez, Bolsonaro é conhecido por recuos, contradições e mudanças abruptas de posição. Uma decisão agora, portanto, seria alvo de contestação interna e externa.
No campo político e eleitoral, pesa ainda mais o fator estratégico: no bolsonarismo, o herdeiro “legítimo” não pode ser externo. Dentro do clã, a sucessão é vista como um patrimônio familiar, uma espécie de “capital hereditário” que não pode ser transferido para fora sem ser dilapidado no processo.
E nessa lógica, o bolsonarismo inclui no grupo de “não herdeiros” até figuras próximas como Michelle Bolsonaro e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. Quando se conversa com o entorno do ex-presidente, a mensagem interna é simples: o legado é da família, não do movimento.
Resta um.
Ao analisar as peças do tabuleiro familiar, o cenário restringe opções. Eduardo Bolsonaro está politicamente “exilado” nos EUA e envolto em problemas judiciais no Brasil.
Carlos Bolsonaro já encaminha sua candidatura ao Senado por Santa Catarina. Sobra apenas Flávio Bolsonaro, hoje com perfil e preparo mais compatíveis com uma nova disputa ao Senado do que com uma candidatura presidencial. Mas o ponto central não é a competência eleitoral individual, e sim a preservação do patrimônio político acumulado pelo pai.
Para a família Bolsonaro, transferir o legado a alguém de fora equivaleria à sua dissipação completa ao longo do próximo ciclo eleitoral e político. Esse cálculo não é mera paranoia, mas um diagnóstico sustentado pelo tamanho real do bolsonarismo.
O que você faria?
Segundo o cientista político Antônio Lavareda, diretor do Ipespe, 35% do eleitorado brasileiro se identifica como direita, e 63% dessa direita reconhece Bolsonaro como líder central. Na soma geral, isso significa 22% de bolsonaristas puros, um piso eleitoral de extrema importância no atual contexto de polarização nacional.
É verdade que esse eleitorado não é simplesmente “transferível”, mesmo para um integrante da família.
De qualquer forma, a pergunta que os bolsonaristas se fazem hoje é: vale abrir mão desse potencial ativo?
Autor: Erich Decat, head do time de Análise Política da Warren Investimentos
Foto do ex-presidente Jair Bolsonaro: Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil
Leia mais:
SUIN11 – Conheça o Fundo de infraestrutura da SulAmérica negociado na bolsa de valores
GOLB11 – Conheça o ETF de Ouro negociado na bolsa de valores
Nu Asset lista ETF de Tesouro Selic na B3
GICP11 – Genial anuncia ETF de crédito privado
ETFs da Nu Asset investem em renda fixa nos EUA
BlackRock e B3 expandem listagem de ETFs globais
Black do Grana Capital, o maior desconto do ano em novembro de 2025.