O que ameaça sociedades empresariais?

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O que ameaça sociedades empresariais (e como um acordo pode salvar) | Artigo por Amanda Charif

Neste Dia do Empreendedor, celebramos a coragem de mais de um milhão de brasileiros que abriram uma empresa somente neste ano. No entanto, a estatística cruel do empreendedorismo nacional persiste: seis em cada dez negócios não chegam ao quinto aniversário.

É verdade que a alta carga tributária, a burocracia e a concorrência acirrada podem dificultar o caminho de qualquer empreendedor. Porém, uma das causas mais comuns de rupturas não está fora, mas dentro do negócio: o desalinhamento entre sócios ao longo do tempo.

O que costuma comprometer negócios promissores, muitas vezes, não é a falta de clientes, mas o excesso de conflitos internos mal administrados. Muitas sociedades começam de modo informal, baseadas em uma boa ideia e na confiança entre amigos, familiares ou colegas. No entusiasmo inicial, prevalece o otimismo do “depois a gente acerta”. E, assim, muitos sócios adiam conversas essenciais sobre divisão de dinheiro, poderes e responsabilidades.

Só que esses temas inevitavelmente aparecem e, sem regras definidas, viram fonte de conflito, travam decisões importantes, consomem energia e, com o tempo, podem até comprometer a continuidade da empresa. O sonho que começou com um aperto de mão vira um pesadelo jurídico e pessoal, destruindo não apenas o CNPJ, mas a relação que o originou.

A solução para esse desgaste previsível é preventiva e se chama acordo de sócios. Muitos empreendedores, no entanto, ainda veem esse documento como um sinal de desconfiança. É um erro de percepção. O acordo não é um “contrato pré-nupcial” para um divórcio iminente; ele é, na verdade, um ato de maturidade e um pacto de profissionalismo. É a formalização das regras do jogo enquanto todos são amigos e estão focados no mesmo objetivo.

Ele funciona como um verdadeiro plano de voo da sociedade, definindo direitos, deveres e, sobretudo, como os impasses serão resolvidos. Ter essa clareza não só preserva a relação entre os sócios, como também se transforma em um diferencial competitivo. Em um mercado de alta mortalidade empresarial, ter uma governança bem definida transmite confiança e atrai investidores.

E não se engane: governança não é um luxo para grandes corporações. Um bom acordo de sócios não precisa ser um documento complexo, mas sim um reflexo objetivo da realidade da empresa, seja ela uma startup ou uma empresa tradicional. Ele pode e deve ser intuitivo, além de ser um documento vivo, revisado à medida que o negócio cresce e novos desafios surgem.

Portanto, neste Dia do Empreendedor, meu alerta é direto: a base de uma empresa de sucesso não está apenas no produto ou serviço, mas na solidez da relação entre seus fundadores. Antes de buscar capital ou o primeiro cliente, invista tempo em alinhar as regras do jogo. Proteger sua empresa do risco mais comum – o conflito interno – é o passo mais estratégico para garantir não apenas a sobrevivência, mas a prosperidade do seu negócio.

Autora: Amanda Charif

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