IPCA de outubro 2025 fica abaixo do consenso de mercado | Andréa Angelo, estrategista de inflação da Warren Investimentos.
Inflação vem abaixo do consenso com apoio do câmbio e do varejo, enquanto serviços intensivos em trabalho disparam
O IPCA de outubro, divulgado hoje (11/11), trouxe nova surpresa baixista, ao registrar alta de 0,09%, levemente abaixo da nossa projeção de 0,11% e do consenso (0,15%).
Com isso, a inflação acumulada em 12 meses recuou para 4,68%.
Entre os fatores de destaque, chamam atenção os itens sensíveis ao câmbio, que apresentaram pass-through mais rápido da recente apreciação do real.
Parte do alívio observado decorre também dos descontos antecipados do varejo no pré-Black Friday, especialmente em bens duráveis.
O subitem aparelhos eletroeletrônicos (-0,86%) veio em linha com o resultado de nossa coleta proprietária da categoria.
Nossa coleta proprietária mostra que os preços de eletrodomésticos e eletrônicos cairam no final de outubro e permanecem em patamares baixos, reforçando a antecipação das promoções em relação aos anos anteriores.
O destaque recente é a forte queda nos preços de celulares, enquanto o segmento de higiene pessoal e perfumes também passou a registrar reduções expressivas, contribuindo para a desaceleração do grupo.
Nos serviços (0,13%), a alimentação fora do domicílio (+0,46%) superou as expectativas. Ainda na categoria, as passagens aéreas (+4,48%) exerceram pressão altista, refletindo a replicação, por metodologia do IBGE, dos dados do IPCA-15 e reajustes acumulados nos últimos meses.
Em contrapartida, a energia elétrica (-2,39%) contribuiu para o movimento baixista do índice, devido à implementação da bandeira vermelha patamar 1, que reduziu o adicional nas tarifas. Vale destacar que essa bandeira foi mantida para novembro. Para o final de 2025, esperamos bandeira amarela.
No grupo de transportes, houve leve surpresa baixista na gasolina (+0,29%), frente à nossa expectativa de +0,40%. Esperamos que no IPCA-15 de novembro, deve começar a aparecer o efeito do reajuste anunciado pela Petrobras nos combustíveis, vigente desde 21 de outubro, considerando tanto o período de coleta do índice quanto nossas estimativas para o tempo de repasse às bombas.
Considerando os preços na média do IPCA Brasil, desde o anúncio dos cortes (21/10), o preço da gasolina reduziu R$-0,06 centavos, abaixo dos R$0,10 que temos de expectativa para o repasse total.
O grupo de alimentação no domicílio voltou a registrar deflação (-0,16%), abaixo da nossa estimativa de +0,13%. O destaque permanece em cereais e leguminosas (-1,83%), impulsionados pela queda do arroz (-1,37%), que acumula deflação desde outubro de 2024, aliviando pressões sobre a cesta básica. Já os alimentos in natura (+0,24%) reverteram a tendência deflacionária iniciada em maio, com tubérculos e raízes (+2,35%) puxados pela alta da batata-inglesa (+8,56%), em linha com nossa coleta do Raio-W de alimentação.
As carnes mostraram leve alta (+0,27%), comportamento previsto pelo nosso modelo de acompanhamento. Mantemos nossa projeção de alimentação no domicílio encerrando o ano abaixo de 3%, diante do comportamento mais contido das carnes e dos in natura. Para bovinos, temos 2025 terminando em 3,46%.
📌 Do ponto de vista qualitativo, a atenção segue voltada aos itens intensivos em trabalho, cuja média móvel trimestral dessazonalizada e anualizada acelerou para 7,20% (vs. 6,2% em setembro), mesmo com os serviços subjacentes recuando para 4,59% (vs. 4,86%). Embora o dado dessazonalizado de subjacente siga desacelerando, observa-se aceleração inercial dos serviços pessoais, fortemente atrelados à dinâmica salarial, indicando ponto de atenção para a inflação. A média dos núcleos (+0,29%) veio ligeiramente acima da nossa projeção (+0,26%), influenciada por serviços pessoais e alimentação fora de casa.
Por fim, as nossas projeções para o IPCA foram mantidas em 4,3% em 2025 e 4,5% em 2026.
Para os próximos meses, revisamos nossas projeções temos +0,20% em novembro (ante 0,22%) e +0,31% em dezembro (ante 0,30%).
Autora: Andréa Angelo, estrategista de inflação da Warren Investimentos
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