Inflação dos alimentos e da energia: riscos assimétricos entre 2025 e 2026 | Artigo por Andréa Angelo, estrategista de inflação da Warren Investimentos.
Apesar de ter sido uma semana relativamente tranquila em relação às notícias de inflação de curto prazo, voltamos nosso foco para as projeções de fim de ano e, após a divulgação do IPCA-15, incorporamos as diferenças ao nosso cenário, para 2025. O principal destaque segue vindo dos alimentos no domicílio.
Nossas coletas proprietárias e projeções continuam apontando deflação e preços mais baixos para alimentação in natura em 2025, o que amplia o risco baixista além da revisão anterior.
Nos últimos meses, esse grupo tem apresentado uma sequência consistente de leituras negativas e esperamos que o IPCA de setembro registre o décimo mês consecutivo de deflação, movimento iniciado em maio de 2025. Assim, revisamos nossa projeção de alimentos no domicílio para 3,95% em 2025, com volta em 2026, o qual projetamos 7%.
Dentro desse grupo, alguns itens devem ser considerados os “heróis” da inflação deste ano. Destacamos a expectativa de forte deflação em cereais, leguminosas e oleaginosas (-19,86%), em especial arroz e feijão, que têm peso relevante na cesta de consumo das famílias e impacto direto na percepção popular sobre a inflação. Para o arroz, projetamos queda próxima a -20% no ano.
Outro grupo relevante é o de tubérculos, que deve encerrar 2025 em deflação (-7%), completando o terceiro ano consecutivo de retração. Para 2026, entretanto, projetamos retomada de preços, com alta de 6,3% ante 3,9% em 2025.
Nossa atenção também se volta ao grupo de carnes, em deflação desde junho de 2025. O contrato de outubro do boi gordo está sendo negociado em torno de R$ 310/@, nível abaixo do que vínhamos projetando (~R$ 350/@).
Se os preços se mantiverem nesse patamar, estimamos um impacto baixista em nossa projeção de inflação para 2025, representando um risco baixista adicional ao cenário.
No lado oposto, a maior preocupação no momento está em energia elétrica. A escassez de chuvas e a possibilidade de um novo fenômeno climático aumentam o risco de pressões adicionais nesse subgrupo.
Apesar de nossas projeções atuais estarem em 4,5% para 2025 e 2,6% para 2026, enxergamos assimetrias: viés de baixa em 2025 e viés de alta em 2026.
O risco hidrológico é central. Em um cenário de seca semelhante ao de 2015 — quando chegou a ser acionada a bandeira de situação de emergência —, o impacto sobre a inflação pode ser significativo. Na semana passada, incorporamos bandeira amarela ao nosso cenário base.
As chuvas recentes trouxeram algum alívio momentâneo e a CCE mostrou estatísticas melhores, mas ainda vemos 2026 como um ano mais adverso: projetamos bandeira vermelha 1 no primeiro semestre e amarela no fechamento do ano.
Energia e bandeiras tarifárias: A ANEEL confirmou a bandeira vermelha 1 para outubro. Seguimos esperando bandeira amarela ao final do ano. E, para 2026, esperamos um cenário mais adverso, com bandeira vermelha 1 no segundo trimestre e bandeira vermelha 2 de maio a agosto. A bandeira amarela, neste cenário, é contemplada de setembro a dezembro.
Autora: Andréa Angelo, estrategista de inflação da Warren Investimentos
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