Expectativa IPCA-15 de setembro de 2025

Expectativa IPCA-15 de setembro de 2025 | Artigo por Andréa Angelo, estrategista de inflação da Warren Investimentos.

São Paulo, 22/09/2025

Na próxima quinta-feira (25), será divulgada a leitura do IPCA-15 de setembro. Projetamos aceleração de +0,54% no mês, levando a inflação acumulada em 12 meses para 5,38%. Esse resultado representa uma alta de 68 pontos-base em relação ao IPCA-15 de agosto, quando havia sido registrada deflação de -0,14%.

O principal vetor de aceleração é o grupo Habitação, que deve avançar +3,26%, após queda de -1,13% no mês anterior. A pressão vem, sobretudo, de energia elétrica, com estimativa de +11,95% frente a -4,93% em agosto.

Esse movimento reflete a devolução do bônus de Itaipu concedido no mês passado. Vale lembrar que setembro temos a continuidade da bandeira tarifária vermelha 2.

Já aluguéis e taxas devem seguir em ritmo bem comportado: projetamos alta de +0,30% para aluguel residencial (vs. +0,29% em agosto) e +0,35% para condomínio (vs. +0,31%).

Entre os demais grupos, Transportes também deve contribuir para a aceleração (+0,14% vs. -0,47% em agosto). O destaque é a passagem aérea, com alta de cerca de +2%, após recuo de -2,59% no mês anterior.

Esse avanço deve pressionar não apenas o IPCA-15, mas também o índice cheio de setembro, devido à metodologia de repetição de valores do IBGE.

Além disso, esperamos elevações em táxi (+4,50%) e aplicativos de transporte (+3,00%), por reajustes locais. Já a gasolina deve apresentar mais um print deflacionário, ainda que em menor intensidade (-0,10% vs. -1,14% em agosto).

Projetamos alta de +0,29% em eletroeletrônicos, revertendo a queda de -0,56% no mês anterior. Por outro lado, higiene pessoal deve aliviar a inflação, com projeção de +0,11% após alta de +1,44% em agosto.

O grupo de Alimentação no domicílio deve seguir em deflação (-0,61% vs. -1,02% em agosto). Entre as leguminosas, projetamos queda de -2,24%, com destaque para arroz (-2,0%) e feijão (-2,5%).

Para as carnes, a expectativa é de leve alta de +0,07%, após forte queda em agosto (-0,94%).

Já os in natura devem manter trajetória de recuo, com projeção de -2,79%, puxados pelos tubérculos (-7,56%). Nossas coletas proprietárias sugerem continuidade da deflação de in natura nos próximos três prints, até o fim de outubro.

Nos serviços subjacentes, projetamos desaceleração para +0,29% (vs. +0,55% em agosto). Dentro do grupo, a alimentação fora do domicílio deve desacelerar 20 bps, para +0,53%, enquanto despesas pessoais devem cair para +0,17% (vs. +1,09% em agosto), refletindo a devolução do item jogos de azar (0% após +11,45% no mês anterior).

Entre as contribuições baixistas adicionais, destacamos os cursos regulares, que devem devolver o reajuste de agosto (0,00% vs. +0,80%).

O item cinema também deve registrar nova deflação (-3,80%), reflexo da ‘semana do cinema’ ocorrida entre 27 de agosto e 02 de setembro, cujo efeito será compensado no IPCA cheio.

Além disso, projetamos mais um print deflacionário em automóveis novos, ainda que em menor intensidade, com estimativa de -0,11% no IPCA-15 de setembro (vs. -1,32% em agosto), refletindo os últimos resquícios da Lei do IPI Verde.

Vale lembrar que, em medida semelhante adotada em 2023, observamos três meses consecutivos de deflação, seguidos de aceleração inflacionária nos períodos posteriores.

Em resumo, nossas projeções indicam um IPCA-15 de setembro marcado por núcleos moderados (+0,25%) e comportamento benigno de forma geral. Vemos, no entanto, riscos altistas associados a itens historicamente voláteis, como alimentação e passagens aéreas. Para o final de 2025 e 2026, esperamos a inflação em 4,66% e 4,6%, respectivamente.

Autora: Andréa Angelo, estrategista de inflação da Warren Investimentos.