Consórcio deixa de ser só compra planejada e passa a ser usado como estratégia de investimento.
O consórcio, tradicionalmente associado à compra planejada de veículos e imóveis, vem ganhando um novo papel no mercado financeiro: o de ferramenta de investimento e alavancagem patrimonial.
Segundo a Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (ABAC), o número de consorciados ativos alcançou 12,04 milhões em julho, alta de 12,5% em relação aos 10,70 milhões registrados no mesmo período de 2024.
Com juros básicos (Selic) em 15% ao ano, o modelo tem atraído investidores em busca de crédito mais barato e estratégias de rentabilidade.
Entre os incentivos estão benefícios como o pagamento da meia parcela, em que o valor integral só é retomado após a contemplação, a dispensa da taxa de adesão e a possibilidade de vender cartas contempladas, operação que pode render até 20% do valor atualizado da carta de crédito.
No primeiro semestre de 2025, o volume de negócios em consórcios somou R$ 222 bilhões no Brasil. A HS Consórcio, empresa do grupo gaúcho Herval, que reúne marcas como iPlace, Herval Móveis e Colchões e Uultis, acompanha o movimento e registrou R$ 12,5 bilhões em créditos comercializados no período.
A companhia projeta encerrar o ano com R$ 25 bilhões em vendas, superando os R$ 20 bilhões de 2024, apoiada em estímulos voltados para o uso do consórcio como alternativa de investimento.
Simulações de diferentes cenários reforçam o potencial de ganho. Em um exemplo, um consorciado contemplado após pagar 50 parcelas de uma carta de R$ 1 milhão opta por vender o crédito.
O corretor paga 20% sobre o valor corrigido, o que gera ao participante um lucro líquido de R$ 102 mil.
Em outro caso, um consorciado com carta de R$ 500 mil foi contemplado após 36 meses e utilizou o crédito para comprar um imóvel de R$ 567 mil. Com o aluguel de R$ 2,8 mil, conseguiu reduzir a parcela mensal desembolsada para R$ 645.
Ao final, além de quitar o bem, acumulou valorização imobiliária e renda de R$ 818 mil com aluguéis ao longo dos anos.
Os exemplos mostram que, além de planejar a compra de bens, o consórcio pode se tornar um mecanismo de diversificação e fortalecimento do patrimônio.