O papel do mercado no desenvolvimento de soluções junto ao setor público

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O papel do mercado no desenvolvimento de soluções junto ao setor público | Artigo por Eduardo Gouvêa, fundador e presidente do Conselho Deliberativo da Droom Investimentos.

O Brasil convive, há décadas, com uma equação que não fecha: demandas sociais crescentes, capacidade de investimento público limitada e estruturas burocráticas que reduzem a velocidade de respostas do Estado.

Enquanto isso, a iniciativa privada segue se posicionando como espectadora ou, quando muito, como mero prestador de serviço. É preciso romper com essa lógica.

O setor privado precisa ocupar a posição de aliado dos governos, desempenhando um papel de protagonismo propositivo na construção de soluções para os grandes desafios públicos do país.

Trata-se, essencialmente, de uma mudança de mentalidade. O velho antagonismo entre Estado e mercado já não faz sentido em um país com graves assimetrias de acesso, carência de infraestrutura, distorções fiscais e um passivo judicial que ultrapassa os R$ 200 bilhões em créditos represados no Judiciário.

Estamos falando de um capital imenso que poderia movimentar a economia caso houvesse maior abertura à inovação e integração entre os setores público e privado.

A colaboração pontual entre as esferas pública e privada nos trouxe até aqui, mas não nos levará adiante.

É tempo de entendermos que o desenvolvimento sustentável, inclusivo e eficiente só será possível com um novo modelo de colaboração. Um modelo em que a iniciativa privada se compromete não apenas com a rentabilidade, mas também com a entrega de valor público. Isso envolve construir soluções capazes de trazer inovação, escalabilidade, governança e segurança jurídica para dentro do setor público.

E, em contrapartida, permitir que o Estado se beneficie da agilidade, da capacidade de execução e da expertise que a iniciativa privada acumulou ao longo das últimas décadas.

Há exemplos concretos que comprovam a eficácia dessa abordagem. A compensação de precatórios por meio de plataformas digitais, a tokenização de ativos judiciais, os projetos de desoneração fiscal por meio de securitização, as estruturas de desintermediação para investidores de varejo são algumas das tantas provas de que caminhos nascidos no setor privado podem resolver problemas que historicamente são públicos.

Há poucos anos, falar em tokenizar um precatório seria visto como absurdo. Hoje, temos investidores de varejo acessando esse mercado com segurança e liquidez.

O resultado é uma relação ganha-ganha: o Estado reduz passivos e gera liquidez, o mercado abre novas frentes de negócios e a população se beneficia com mais investimento e dinamismo na economia.

O desafio, agora, é escalar essas soluções. E para isso, o setor privado precisa, definitivamente, deixar de se esconder.

O protagonismo é uma escolha — e quem não assumir essa posição agora, vai ficar à margem da transformação. Empresários e executivos com iniciativas de alto potencial de impacto para os desafios dos governos precisam liderar o debate, propor marcos regulatórios, oferecer tecnologia e, sobretudo, demonstrar que é possível alinhar interesse público com retorno privado.

Não se trata de privatizar as políticas, mas de compartilhar a responsabilidade pela sua entrega e efetividade.

Para além do financiamento, o que se espera do mercado é uma postura de corresponsabilidade. Não basta “comprar o projeto”. É preciso construir junto. O capital, por si só, não resolve. É a capacidade de estruturar um ecossistema completo, com inovação, governança e impacto real, que transforma o jogo.

A agenda do futuro está posta. A digitalização do Estado, a desburocratização de processos, a necessidade de atrair investimentos produtivos e a urgência de reequilibrar as contas públicas formam o pano de fundo de um novo ciclo de desenvolvimento.

Os membros da esfera empresarial que entenderem esse momento como uma oportunidade histórica poderão liderar transformações estruturais que vão muito além dos seus próprios interesses. E é esse tipo de visão que o país precisa agora.

Não há mais espaço para posturas tímidas. O mercado brasileiro está diante da chance de reconfigurar sua relação com o setor público e, ao fazer isso, assumir um papel central na construção de um Estado mais eficiente, moderno e conectado às necessidades da sociedade.

É hora de agir com ousadia e compromisso. Quem entender isso agora, vai liderar o Brasil do amanhã.

Autor: Eduardo Gouvêa é fundador e presidente do Conselho Deliberativo da Droom Investimentos

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