Setor imobiliário termina 2025 melhor do que começou
Claudio Carvalho (*)
O setor imobiliário residencial deve encerrar 2025 em uma situação um pouco melhor do que começou. Mesmo que os juros continuem elevados, a interrupção das altas da Selic e a expectativa de que o Banco Central começará a baixar a taxa básica em fevereiro trazem uma melhora dos ânimos de incorporadoras e compradores de moradias. Estou otimista com o mercado para 2026.
Nosso setor tem um ciclo longo, o que faz com que as decisões de quem produz e de quem pretende adquirir um imóvel levem em conta não só o cenário econômico atual, mas também as perspectivas futuras para juros e inflação. Considerando os padrões residenciais médio e alto, as taxas cobradas pelos bancos – atualmente, em torno de Taxa Referencial (TR) mais 13% – tendem a cair no próximo ano.
A economia vive um bom momento. O desemprego está no menor nível histórico – 5,6% no trimestre encerrado em agosto, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – e a inflação segue sob controle, com revisões para baixo das estimativas. Ainda há desafios na área fiscal, mas o quadro geral é positivo.
No mercado imobiliário residencial, fatores como inflação, renda e emprego têm forte influência nas decisões de compra, especialmente da classe média. Já o público de alto padrão depende menos de financiamento, enquanto a habitação popular tem alicerce, principalmente, no programa Minha Casa, Minha Vida.
Nos últimos dois anos, o crédito habitacional para a classe média ficou mais caro e restrito devido à perda de recursos da poupança — principal fonte de financiamento do setor — e do impacto da alta da Selic, resultando na redução do ritmo de lançamentos para esse público.
Mas as perspectivas para as classes média e média-alta melhoraram desde que, recentemente, o governo federal anunciou medidas que incluem aumento gradual da disponibilidade do dinheiro da poupança para a habitação.
Ao final do período de transição, a totalidade da poupança será destinada ao crédito imobiliário – 80% nos moldes do Sistema Financeiro da Habitação (SFH) e o restante com taxas de mercado, no Sistema de Financiamento Imobiliário (SFI). O valor máximo da unidade financiada com recursos da aplicação preferida dos brasileiros passará de R$ 1,5 milhão para R$ 2,25 milhões.
Com essas mudanças, algumas incorporadoras, como a AW Realty, já consideram aumentar seus lançamentos voltados às classes média e média-alta a partir do próximo ano.
A AW Realty tem atuação principal no alto padrão. Neste ano, apesar do desafio de juros em patamar elevado, tivemos desempenho de vendas de lançamentos e de estoques em construção conforme as expectativas ou até mesmo acima do esperado em alguns produtos.
Em 2025, alcançaremos, pela primeira vez, a marca anual de R$ 1 bilhão em Valor Geral de Vendas (VGV) lançado. Para 2026, esperamos apresentar produtos que atinjam, pelo menos, o VGV total de lançamentos deste ano. A projeção se baseia nos terrenos e projetos que temos em casa, na esperada redução dos juros e no aumento da oferta de crédito via poupança.
Sabemos que anos eleitorais, como 2026, trazem desafios adicionais. Ainda assim, mantenho o otimismo. Acredito que nós, empresários, precisamos arregaçar as mangas e trabalhar com consistência, independentemente das oscilações da economia e da política. Só assim contribuímos para construir os melhores caminhos em momentos de incerteza e para aproveitar eventuais oportunidades que surjam.
(*) Claudio Carvalho é sócio e CEO da AW Realty