IPCA-15 de novembro 2025: Passagens nas alturas, mas a escala em Belém teve pouco peso na bagagem. | Análise por Andréa Angelo, estrategista de inflação da Warren Investimentos.
Foi divulgada hoje (26/11) a leitura do IPCA-15 de novembro, registrando 0,20%, acima das nossas projeções (0,13%) e do consenso Bloomberg (+0,18%). A inflação acumulada em 12 meses recuou para +4,50%.
A grande questão: a COP-30 foi a vilã?
* Na nossa visão, a COP-30 não teve expressão suficiente no IPCA-15 de novembro para ser considerada o fator motriz da aceleração acima do esperado para o número. Isto porque os itens relevantes, como hotel (+155%), têm impacto no IPCA em torno de 1 bp somente. Enquanto isso, São Paulo — que possui, por metodologia do IBGE, um peso maior — teve aumento de 4,48% na categoria e contribuiu com +2 bps no indicador. Alimentação fora do domicílio, que poderia ser outro fator de pressão, teve alta de 1,25%, sem contribuição relevante para o índice. Além disso, vale ressaltar que o período de coleta do IPCA-15 de novembro (até o dia 13/11) englobou apenas 3 dias após o início do evento, que começou no dia 10/11 e termina no dia 21/11.
Como entendemos o número:
O grupo de Transportes, mais uma vez responsável por grande parte da surpresa, mostrou aceleração de +0,22%, puxada pela forte alta em passagens aéreas (+11,87%), acelerando em relação à alta de +5,5% do mês anterior. O movimento irá se repetir no IPCA cheio de novembro, dada a metodologia do IBGE. Trazendo o tema para a COP-30 novamente: a alta de passagem aérea em Belém foi de 25,32%, a maior aceleração entre as regiões observadas no IPCA-15 (embora todas as regiões tenham apresentado forte aceleração), sem contribuição relevante para o índice.
A gasolina também teve papel relevante, porém em sentido contrário, com deflação de -0,48%. Isso reflete o reajuste anunciado pela Petrobras nos combustíveis, vigente desde 21 de outubro, em linha com nossas estimativas considerando tanto o período de coleta quanto o tempo estimado de repasse às bombas. Vale ressaltar que MG foi o estado com maior repasse do ajuste, com deflação da gasolina em -3,13%.
O grupo Alimentação no domicílio segue com surpresas baixistas, registrando deflação de -0,15%, acumulando onze leituras consecutivas negativas e sendo ponto relevante para a contínua queda das expectativas de inflação de 2025. Dentro do grupo, os alimentos in natura voltaram a apresentar deflação (-0,3%), impulsionados pelas frutas (-1,6%), com destaque para banana, limão e maracujá. O destaque altista do grupo foi o componente de carnes, cuja alta de +0,7% veio acima das nossas estimativas. A pressão segue moderada, mas a sensibilidade do modelo para 2026 indica aceleração gradual. Além disso, vale ressaltar que cereais mostrou mais um print deflacionário (-2,08%), puxado pelo arroz (-3,10%). Na contramão, o feijão-carioca, item de relevância, apresentou novo print inflacionário (+2,98%). Esperamos que o grupo de alimentação no domicílio termine 2025 abaixo de 3%.
O grupo de aparelhos eletroeletrônicos apresentou nova deflação (-1,03%), em linha com nossa coleta proprietária de Black Friday e com nossas divulgações do último mês sobre a antecipação das promoções. Contribuem também a apreciação do câmbio e a competitividade de produtos chineses. Em higiene pessoal, o número (+0,01%) foi puxado principalmente pelo item perfume (-0,10%), também em linha com o que temos anunciado a partir da nossa coleta proprietária, uma vez que grandes marcas têm realizado promoções durante todo o mês.
Nos Serviços, o resultado foi negativo em termos qualitativos, com alta de +0,66% (vs. nossa projeção de +0,34%). O grupo de cinemas e recreação apresentou avanço de +1,48%. Já seguros seguiram em deflação (-1,48%), não devolvendo, em mais um mês, a forte queda apresentada no IPCA de setembro (-5,98%). Com isso, o grupo permanece altamente volátil, o que dificulta a leitura de tendência.
Nos serviços subjacentes, o print também foi qualitativamente pior (+0,40%). A a limentação fora do domicílio mostrou inflação de +0,68%, enquanto despesas pessoais avançaram +0,85%. Dentro da alimentação fora do domicílio, a alta no item “outras bebidas alcoólicas” (+0,87% vs. -0,30% anteriormente) mostra a recuperação da crise do metanol e a reversão na queda do consumo de destilados em bares no fim de setembro e início de outubro.
Em relação aos núcleos, nossa média móvel de três meses dessazonalizada e anualizada mostra sinais mistos. Os núcleos seguem dentro da banda da meta, com serviços subjacentes em 4,37% e nova queda em industriais +1,33%. O ponto de atenção segue nos inerciais, que tendem à reaceleração no 4T25 e devem permanecer elevados no 1º semestre de 2026. Neste sentido, vimos nova alta em intensivos em trabalho (+7,28% ante +6,47%), refletindo a resiliência do mercado de trabalho e o impulso fiscal à atividade.
📌 Em síntese, o IPCA-15 de novembro mostrou leitura pior, qualitativamente, do que o antecipado por nós e pelo mercado, com núcleos em +0,28%. Mantemos nossas projeções para o IPCA em 4,2% em 2025 e 4,5% em 2026, com balanço de riscos altista para 2026.
Revisão curto-prazo:
Novembro: ▶️ 0,18% : Com revisão baixista em alimentos e altista em serviços
Dezembro: ▶️ 0,31%
Autora: Andréa Angelo, estrategista de inflação da Warren Investimentos
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