Emergentes superam ações dos EUA com dólar fraco
Veja abaixo trechos do relatório Raio XP de novembro de 2025, assinado por Fernando Ferreira (CFA, estrategista-chefe e head de Research), Felipe Veiga (estrategista de ações), Raphael Figueiredo (estrategista de ações) e Lucas Rosa (estrategista quantitativo).
Com as ações brasileiras renovando máximas históricas em 2025, investigamos os principais fatores por trás desse desempenho, e concluindo que o rali de Brasil tem sido predominantemente impulsionado por fatores globais, em vez de domésticos.
Os Emergentes estão superando as ações dos EUA em 2025. No acumulado do ano, o MSCI EM sobe 33,6%, enquanto o MSCI LatAm avança 45,0%.
Em contrapartida, o S&P 500 e o Nasdaq apresentam performance inferior, com altas de 16,3% e 23,1%, respectivamente.
Especialmente durante o primeiro semestre, a alta incerteza em torno da política comercial dos EUA levou a saídas de capitais de ativos americanos e à desvalorização do dólar.
Em particular, vemos essa dinâmica do dólar como uma das principais forças que sustentaram a performance dos mercados emergentes e da América Latina em 2025.
Períodos de enfraquecimento do dólar (definidos aqui pela inclinação do índice DXY) tendem a coincidir com fases de performance superior dos EMs.
Em termos históricos, durante períodos de fraqueza do dólar, o MSCI EM registrou um retorno anualizado médio de 13,0%, contra 11,2% do S&P 500, enquanto o MSCI LatAm e o MSCI Brazil apresentaram ganhos ainda mais expressivos, de 17,8% e 20,6%, respectivamente.
Enquanto isso, as ações brasileiras também apresentaram um desempenho expressivo no acumulado do ano, com o Ibovespa subindo 24,5% em reais e 42,7% em dólares.
Embora boa parte do debate ao longo de 2025 tenha se concentrado nos fatores domésticos que poderiam explicar essa alta, acreditamos que os vetores locais tiveram um papel apenas limitado nesse movimento.
Essa visão é sustentada por três principais razões:
- o desempenho do Brasil está amplamente em linha com o de outros mercados emergentes e latino-americanos em 2025;
- até o final de setembro, praticamente todo o retorno do Ibovespa foi explicado pela expansão de múltiplos, enquanto o crescimento de lucros apresentou contribuição negativa para o retorno do índice; e
- essa expansão de múltiplos não foi acompanhada por uma queda nas taxas de juros reais de longo prazo, que permaneceram elevadas, resultando em uma compressão do prêmio de risco de ações.
Além disso, embora as expectativas de início do ciclo de afrouxamento monetário doméstico tenham contribuído para o rali de Brasil, o desempenho das ações brasileiras sob o atual regime de juros ainda está abaixo das médias históricas, reforçando que os fatores locais tiveram influência modesta sobre os retornos até o momento.
Para entender melhor as forças que impulsionaram o desempenho das ações brasileiras em 2025, realizamos uma decomposição do retorno do Ibovespa em diversos fatores macro: juros nominais domésticos de 1 e 10 anos, CDS do Brasil, rendimento das Treasuries de 10 anos dos EUA, preços do petróleo e metais, câmbio e ações americanas.
Nossos resultados indicam que os fatores globais, especialmente câmbio e ações dos EUA, ganharam importância ao longo do ano, tornando-se os principais determinantes do desempenho do Ibovespa.
Em contraste, variáveis domésticas, como o CDS do Brasil e os juros nominais, que haviam ganhado relevância no final de 2024 em meio à alta das preocupações fiscais, perderam boa parte de seu poder explicativo (correlações) em relação às ações locais.
Os investidores estrangeiros acumularam entradas líquidas de R$ 25,1 bilhões em 2025 e têm sido a principal força de sustentação do Ibovespa, com períodos de saídas de fluxos estrangeiros geralmente coincidindo com movimentos de correção do índice.
Como destacamos em nosso recente XPresso, as principais razões por trás desse otimismo são:
- o ciclo de cortes de juros do Fed e a fraqueza do dólar, que impulsionam o trade em emergentes;
- a percepção de taxas de juros próximas ao pico no Brasil;
- a escassez de alternativas atrativas em outros mercados emergentes; e
- fundamentos sólidos das empresas brasileiras.
No entanto, apesar do forte desempenho dos mercados emergentes, a liderança global das ações mudou desde a forte queda dos mercados americanos após o “Dia da Libertação”.
Até abril, a América Latina era a região com a melhor performance entre as ações globais, mas perdeu essa posição a partir de maio, com os mercados dos EUA e da Ásia assumindo a liderança desde então.
Vemos essa mudança principalmente como resultado de dois fatores:
- uma descompressão dos riscos macro nos EUA, impulsionada pela desescalada das tensões comerciais e pela estabilização do dólar desde julho; e
- o forte otimismo em torno do tema de IA. Segundo nossos cálculos, 9,7 pontos percentuais dos 17,2% de alta do S&P 500 no acumulado do ano vieram do setor de Tecnologia da Informação, enquanto Serviços de Comunicação responderam por 2,6 pontos percentuais.
Autores: Fernando Ferreira (CFA, estrategista-chefe e head de Research), Felipe Veiga (estrategista de ações), Raphael Figueiredo (estrategista de ações) e Lucas Rosa (estrategista quantitativo).
Leia mais:
SUIN11 – Conheça o Fundo de infraestrutura da SulAmérica negociado na bolsa de valores
GOLB11 – Conheça o ETF de Ouro negociado na bolsa de valores
Nu Asset lista ETF de Tesouro Selic na B3
GICP11 – Genial anuncia ETF de crédito privado
ETFs da Nu Asset investem em renda fixa nos EUA
BlackRock e B3 expandem listagem de ETFs globais
Black do Grana Capital, o maior desconto do ano em novembro de 2025.